quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

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tenho pensando em ti. tu sabes que tenho. acabo de vir do cinema ver tabu. perto do fim as lagrimas cairam-me dos olhos. as associações a nós são sempre constantes andré. sei que agora estas longe, nessas ferias que sempre quiseste. nesse pais que sempre desejaste. as grandes historias de amor são sempre trágicas, acho que já escrevi isto algures aqui, ou numa folha de papel. a nossa não o deixa de ser. sei que também pensas em mim. tens sempre pensado. não estamos assim tão longe, acho que nunca estivemos. agora a caminho de casa, nesta noite fria vi uma rapariga a passear o cão e sorri levemente. lembrei-me de quando passeavamos o teu cão beira mar naqueles curtos e frios fins-de-semana que passamos juntos. lembro-me de quando fizemos amor à chuva, dos filmes que vimos enquanto eu estava deitado no teu peito e te tocava levemente na pila. daquele filme de terror idiota. as discuções parvas o fim-de-semana no norte que foi terrivel. a primeira vez que tentamos foder e correu tão mal. fumo um cigarro enquanto escrevo. eu deixei de fumar como te disse, mas um cigarro ajuda sempre a digerir tudo o que te gostaria de dizer. sei que possivelmente irás ler isto. sei que possivelmente iremos falar ocasionalmente ou nos voltaremos a cruzar na pequena cidade que viu o nosso primeiro beijo e viu o nosso amor tornar-se quase possivel. sei que mesmo na cama deitado com o teu marido te lembras de mim, e espero que ainda sorrias quando te lembras do meu sorriso e das merdas idiotas que tantas vezes te disse. as andorinhas que te dei, ainda as guardas? guardo os teus postais, e aquela fotografia que te tirei com aquela maquina descartavel. estas com um sorriso tão bonito. o nosso amor nunca foi possivel. talvez porque nunca quiseste realmente, talvez porque eu não o permiti. sabemos que a nossa historia acabou. porque tinha de acabar, talvez. não tem a ver com cobardia, ou com putisse. tem a ver com tudo. com nós.