sábado, 25 de setembro de 2010
094
não sei como arranjar outra maneira de te falar. as fugas constantes, as mensagens em vão, as palavras perdidas. é por isso que te escrevo esta carta meu pequeno querubim, porque doutra forma não me deixarias dizer-te tais coisas. sorrio ao te escrever, enquanto ouço a between the bars pelos metric, imagino os teus doces azuis olhos, e esse teu corpo esguio que teimavas em dizer que era magro demais, não o era! escrevo-te para te dizer que cada vez que fecho os olhos, te imagino e vejo esse cabelo encaracolado e esse sorriso á minha frente, no meio de toda aquela gente, nas grades daquela canção e entre a poeira das pessoas. não sabia como te dizer que sinto tanto a tua falta, que deliro á noite com o teu corpo entrelaçado no meu e desejando que te venhas outras vez comigo. desejo todas as noites que te contorças como naquelas quentes noites de agosto, que me faças vir como nunca me vim e querer-te como nunca quis ninguém. digo-te isto meu pequeno querubim porque é a mais pura das verdades, porque apesar de sentir tanto a tua falta sei que de nada valerá esta carta. não a entendas como uma carta de amor, porque, acho que não a é; entende-a como um desabafo, como algo que precisava de te dizer, como a única conversa que tivemos na última noite que nos tivemos, mesmo quando te doía a garganta, mas mesmo assim ficas-te a meu lado entrelaçado. depois de ti, já vieram outros, mas outros que me mataram por dentro, outros que te imaginei em todos eles, e desejei profundamente estar a fazer vir-te do que fazer vi-los, desejei profundamente estar dentro de uma tenda a escorrer água e tapar-te a boca para que ninguém nos ouvisse, desejei profundamente olhar-te nos olhos enquanto me vinha como nunca me vim até agora. escrevo-te apenas meu pequeno querubim para te perguntar porque haveriam as coisas de assim ser? ó meu pequeno querubim acabo esta carta com uma melancolia e com uma saudade tão portuguesa; com uma lágrima e com um sorriso que só tu me sabias causar no meio daquela multidão de pó e suor. eu continuo aqui.
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