quarta-feira, 4 de setembro de 2013

108

sempre achei que era relativamente bom com as palavras, na maneira de me relacionar com os outros e em me exprimir. mas sempre que te começo a escrever paro a meio. não consigo dizer-te numa simples carta que gostaria de te ver, e que me preocupo muito contigo. sinto-me triste, sinto-me meio sem caminho. por entre o stress dos dias e a loucura das noites. tenho sonhado contigo, mais do que gostaria; acordado a pensar em ti. masturbo-me vezes sem conta imaginando-te aqui outra vez de quatro. como gostava de te ver cheirar poppers e pores-te de quatro para te comer, de violentamente te levantares e me enconstares a parede. pores-me a jeito e num movimento só eu enterrar-te o meu caralho. como me tenho masturbado a pensar em te esporrar a cara toda. já estou duro...
tenho sentido a tua falta, do teu peito peludo e musculado, de adormecer nos teus braços, dos teus abraços fortes. de acordar com o teu beijo antes de saires para trabalhar e eu aproveitar mais 15 minutos de cama. sinto falta dos teus cozinhados, das sobremesas brasileiras e dos pequenos almoços de domingo. os domingos passados na cama a ver as minhas series enquanto ressonavas a meu lado, acordares e fazermos sexo, para logo depois voltares a adormecer. de me obrigares no ginasio a levantar mais peso do que queria, e de não desistir e das minhas birras. gostava de te ver dormir. és um miudo num corpo de um grande homem. gostava de cuidar de ti. não é facil amar-te, assim como a mim. ainda esta semana me falaram do meu feitio, ao que respondi: se achas que o meu é difícil, se conhecesses o do jho...  não sei se soube lidar contigo, queria ter falado o que pensava mais cedo, queria ter-te falado de desejos. foram só desejos. as coisas andam um turbilhão.  quero acreditar que me fizeste melhor homem. melhor pessoa. fizeste-me um namorado e companheiro como pensei nunca ser. fazer-me dedicar, talvez não me tenha dedicado o suficiente. acho que deste mais, bem mais que eu. sabes que sempre fui um solitário. sempre me foi dificil dar. queria ter-te dado mais. acho que te quero dar mais. lembro-me agora das discussões idiotas, como eram idiotas. tinhamos pensado ir a veneza. ainda queres ir a veneza comigo? não é nada facil amar-me. é por isso que não consigo perguntar-te se queres ir beber um café comigo.

domingo, 11 de agosto de 2013

107

nunca devia ter bebido aqueles três finos. antigamente no fim das relações, ou de outra coisa qualquer, o que eu fazia era foder. foder, foder muito. é por isso que existe uma lista considerável de boas, más, razoáveis e esquecidas quecas. não querendo com isto gabar-me mas que é um feito tendo em conta a minha idade e as minhas provincianas origens, é um feito, diga-se. agora depois de terminar uma relação e de o jho nem se quer me cumprimentar quando passa por mim á saída do banho turco em direcção aos chuveiros. eu compro coisas. coisas inutilmente caras mas que eu acho que preciso, como um relógio, uma carteira, um candeeiro, e sapatos. tirando o desfalque monetário ao meu saldo bancário não vejo qualquer problema neste meu novo método de lidar com o fim das relações, até o acho bem melhor para ser sincero. o único problema, a meu ver, é o tesão. como posso eu ver-me livre de uma coisa que afecta todo o ser humano. bem sei que há pessoas, que passam meses, anos sem foder. eu nunca fui dessas pessoas, e dificilmente me revejo nesse belo papel. juntando o tesão a três finos(são poucos eu sei, mas como não estou habituado a beber surtem logo efeito em mim) e o nino que me pediu o numero no ginásio. isto originou um óptimo sexo de quinta-feira. o problema é que eu não queria bem fazer o sexo, porque estou a gostar de ter tempo para ler, para ver séries, ir ao cinema. e andar no engate é desgastante sabem? passamos muito tempo, ainda no início da outra semana troquei uns mails com o tuga, e perde-se tempo no trabalho, perde-se tempo á noite, nunca se sabe quando se combinam as coisas. é um drama, e com o passar da idade, começamos a não ter paciência para esses dramáticos engates. por conseguinte estava a adorar a minha vida de solteiro e de ter tempo para mim. mas por culpa de três cervejas a minha vida descansada foi por água abaixo. fazíamos algumas aulas juntos e trocávamos olá, tudo bem por cortesia, até que me decide pedir o numero, nesse mesmo dia tomamos um café. mas como ele não faz muito o meu género, estava numa de o conhecer melhor. ele é na realidade um pouco feio, gordito e parolinho(calções brancos de linho um pouco abaixo do joelho para mim não é uma coisa abonatória), mas tudo bem. a conversa foi muito fluido, eu até falei da minha ex-relação, dos dramas e assim (num café de engate há assuntos que não se toca, mas como para mim não era, tudo bem), notando eu que levemente se fazia a mim deixei rolar. problema: no fim rolaram uns beijos e até hoje rolam mensagem a tua a hora. claro que se intensificaram depois de o maravilhoso sexo. frases que pensei não se pronunciarem já como 'passei o dia com vontade de te beijar' foram-me ditas. perante esta situação temo em dizer que cerveja só apenas duas, porque gastar o meu ordenado em merdas e ainda por cima ter que lidar com dramas é de mais até para mim.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

106

tenho pensando em ti. tu sabes que tenho. acabo de vir do cinema ver tabu. perto do fim as lagrimas cairam-me dos olhos. as associações a nós são sempre constantes andré. sei que agora estas longe, nessas ferias que sempre quiseste. nesse pais que sempre desejaste. as grandes historias de amor são sempre trágicas, acho que já escrevi isto algures aqui, ou numa folha de papel. a nossa não o deixa de ser. sei que também pensas em mim. tens sempre pensado. não estamos assim tão longe, acho que nunca estivemos. agora a caminho de casa, nesta noite fria vi uma rapariga a passear o cão e sorri levemente. lembrei-me de quando passeavamos o teu cão beira mar naqueles curtos e frios fins-de-semana que passamos juntos. lembro-me de quando fizemos amor à chuva, dos filmes que vimos enquanto eu estava deitado no teu peito e te tocava levemente na pila. daquele filme de terror idiota. as discuções parvas o fim-de-semana no norte que foi terrivel. a primeira vez que tentamos foder e correu tão mal. fumo um cigarro enquanto escrevo. eu deixei de fumar como te disse, mas um cigarro ajuda sempre a digerir tudo o que te gostaria de dizer. sei que possivelmente irás ler isto. sei que possivelmente iremos falar ocasionalmente ou nos voltaremos a cruzar na pequena cidade que viu o nosso primeiro beijo e viu o nosso amor tornar-se quase possivel. sei que mesmo na cama deitado com o teu marido te lembras de mim, e espero que ainda sorrias quando te lembras do meu sorriso e das merdas idiotas que tantas vezes te disse. as andorinhas que te dei, ainda as guardas? guardo os teus postais, e aquela fotografia que te tirei com aquela maquina descartavel. estas com um sorriso tão bonito. o nosso amor nunca foi possivel. talvez porque nunca quiseste realmente, talvez porque eu não o permiti. sabemos que a nossa historia acabou. porque tinha de acabar, talvez. não tem a ver com cobardia, ou com putisse. tem a ver com tudo. com nós.