domingo, 2 de setembro de 2012

105

é domingo, estou ligeiramente de ressaca. acordei com o john, lavei a loiça, fui ao mac comer qualquer coisa, voltei a casa, tomei banho e vim para a cama ver um filme. apesar de tudo, a noite correu mal, e hoje há uma trsiteza e uma saudade que se abate. ontem numa festa algures em lisboa encontrei o rui. as coisas voltaram a andar tremidas. andam sempre tremidas e o facto de o ver aos beijos com outro tipo qualquer foi estranho. ele viu-me. hoje passei o dia a olhar para o telemóvel a espera de qualquer sinal dele. nada. ainda bem por um lado. deixou-me realmente abalado vê-lo com um tipo qualquer, não que tenhamos alguma coisa, que não temos. não que o ame, que não o amo. mas é o tipo de pessoa que o sinto como meu. mas não posso exigir das pessoas o que sei que não lhes posso dar. e não serei eu o seu rei. será agora que por fim ficarei algum tempo sem gajos, sem filmes, sem merdas. entretanto o andré surgiu, ainda casado, ainda me amando e ainda tudo igual. a verdade é que morro de saudades dele, e gostaria que tudo o que ele disse-se fosse verdade. é estranho sentir tanta falta de alguém que sabes que não queres e que não vais ter. desta vez o marido descobriu tudo. e mais um vez ele fez uma escolha. mais uma vez escrevo sobre ele. essa escolha não fui eu. e são estes domingos em que estou deitado na cama que ele ele me faz muita falta e imagino como tudo teria sido, como tudo poderia ser. as coisas são estranhas. o josé é estranho o rui é estranho o andré é estranho. e entre saunas, matas, noites, a minha cama... eles vão resurgindo. cada um há sua maneira. ainda ha meses discutia com amigos o amor a 3, o amor nas suas varias formas mutaveis. ha quase dois anos que ando nisto com o josé, ha mais de um com o rui, ha quase um com o andré. já pus em causa manter uma relação a 3. já a pus seriamente em causa com o josé e com o andré. porque sei que ainda nos gostamos os 3. mas a 4? será mesmo possivel haver uma relação a 4? é estranho olhar para eles e não me conseguir desligar. são estranhos estes ciclos. mas sei quem queria realmente a meu lado. e vou tentando todos os dias dizer ao meu coração que não. o andré esta com as pessoas pelos motivos erradas, o rui pelos não certos. e o josé vai estando.

domingo, 6 de maio de 2012

104

ainda guardo na carteira a foto que um dia me deste em tua casa, naquele fim-de-semana que passamos apenas os dois. aquela fotografia que quase te obriguei a me dares para poder andar sempre com ela. outro dia estava à procura de uns papeis e encontrei-a por acaso. quando acho que desapareceste da minha memória, encontro a tua fotografia perdida entre talões, com a mesma cara séria que esconde o sorriso mais belo. o sorriso que me fez apaixonar-me e ao mesmo tempo partir-me o coração. sempre te disse que foste o melhor e o pior de tudo, e agora passado algum tempo sem se quer de ti saber, tenho a certeza do mesmo. houveram alturas em que acreditei em ti. nas promessas, nos sonhos, nas mudanças e nas ilusões. tinhas razão quando me dizias que não passava de um miudo, tinhas toda a razão. um miudo cego de paixão, quando isso não deveria acontecer, pelo teu e pelo meu historial, que fosse. começaste como um capricho, uma teimosia minha de querer foder mais um, um que por toda a tua história seria complicado e seria uma grande conquista na vasta lista delas. por todos os motivos, eras um capricho. com o tempo, tornaste-te aquele que me fez ver tudo de uma prespectiva muito diferente, aquele amei, que amo. partiste-me o coração, deixaste um vazio que não sei como preencher. fui para a cama com homens do passado, tentei os do futuro, sai à noite, droguei-me, dancei, engatei, passei horas a trabalhar, a escrever, a limpar a casa, a planear viagens, sei lá. estou deitado na cama, a rever fotos tuas. preciso que precises de mim. sinto falta que me abraces a dormir, que me agarres, me olhes nos olhos e digas que sou o teu miudo. preciso de voltar a acreditar em ti. não sei como me deixei levar, não sei como acreditei em ti, como fiz planos, como me deixei levar. andré, sei que não acreditas, mas eu fiz planos, eu quis uma vida a dois, eu amei-te e amo-te, como não amei ninguém. não é doentio o amor? é doentio comprar um desodorizante igual ao teu para poder sentir o teu cheiro? é doentio fechar os olhos e imaginar-te a comeres-me de quatro e a fazer-me gemer? é doentio começar a chorar compulsivamente do nada? é tudo tão doentio tudo isto andré não é? o mais engraçado, o mais irónico de isto tudo é que foste tu que sempre duvidaste do que eventualmente poderia sentir, e foste tu que tão rápidamente deixaste de me amar, e tudo se tornou fácil e volátil, quando tudo sempre foi tão complicado. como sempre te disse, fui uma virgula, na tua longa vida imaginada. um entretanto que te fez sair da monotonia, que te deu alguma tesão e vontade de mudares as coisas, mas essa vontade passou e tu continuarás igual. até ao próximo miudo. fui aquilo que tu odiavas que eu chamasse, um erro de casting. não te guardo rancor, ou ódio, porque escolhi sempre seguir em frente, quando me dizias que eras fraco, cobarde, mimado, e que a dignidade já não era muita. talvez sinta pena, só pena. lamento andré, és a coisa que se calhar mais lamento até hoje. mas se eu estivesse no teu lugar, lamentaria muito mais. porque não sou eu que esta casado, e tem um marido em casa. eu não passo de um miudo livre e caprichoso.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

103

o lobo e o julian

Imagina uma selva, imagina uma bela raposa de nome julian, conhecida nas redondezas pelos seus belos olhos azuis, pelo seu pêlo sedoso e sua cauda que se entrelaça entre a vegetação como um belo pavão. Julian a raposa, era conhecida nas redondezas pela sua inteligência, esperteza, pelo seu charme, e acima de tudo pelos seus olhos azuis e o seu belo sorriso. Era um verão quente, um verão especialmente seco, numa nova cidade, com novas pessoas, novos ambientes e novas drogas. Havia partes da noite em que toda a festa parecia uma selva; eu, o lobo, o julian a raposa. entre porcos, cavalos, elefantes, hienas, sapos, zebras. Eramos todos uma mistura de vinho e vodka. Entre flashes, haviam olhares, entre pessoas o lobo seguia a raposa até à casa de banho. Entre o baixar as calças, o me por de joelhos, os arranhões nas costas e os beijos que se transformavam em lambidelas. a raposa gritava de prazer e eu uivava de desejo.
Os dias foram passando e a raposa matreira ia tornando-se mais complicada. o desejo ia confundindo-se com amor e tesão, as noites começaram a ficar rebuscadas, ia tudo tornando-se um jogo de esconde-esconde. O velho bairro era como que um campo de batalha onde nos íamos perseguindo e trocando olhares. Certa noite segui a matreira raposa até ao habitual fim da noite, onde tinha a certeza que ela lá estaria. O tesão era tão grande. entre a multidão eufórica eu sentia o seu desejo dentro das minhas calças. A sua mão suave passando pelo meu cu peludo e indo até à sua cara sabendo e cheirando a tesão. Minutos depois estávamos numa pequena rua, pouco iluminada e entre dois carros. Eu de calças baixadas e a raposa de joelhos, eu em cima do capo do carro e a raposa com a cara no meu cu. Naquelas duas horas não senti frio, não senti inibições. Os corpos suavam e sentia os fortes beijos e abraços dele, como quem que há muito me deseja. Vi nos seus grandes olhos que me queria, que lhe pertencia. Entre gemidos dizia-me: -come-me. Virei-o de costas sobre o capo do carro ali parado, e comi-o. Mal entrei dentro dele soltou um gemido. Ali, senti desejo, paixão, ressentimento, raiva, tesão. Ai soube que era o fim.
acordei, olhei para o meu lado e a bela raposa dormia. Um corpo definido, ligeiramente musculado, um belo cu peludo. Dormia como um pequeno príncipe. Olhei à minha volta e vi as cuecas CK brancas dele, o intenso perfume que põe sempre que vai à caça. O ritual de sexta à noite. O lobo vestiu as calças e ainda com um trago de cidra e meita na boca saiu uivando.