quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

078

numa segunda á noite. a sala esta abafada de gente ouvindo uma grave voz negra. a luz é pouca; suficiente para se reconhecer os rostos. ele está a um canto rodeado de gente, que, provavelmente nem sabe quem são. olhamos-nos fugazmente e desejamos-nos á distância. nenhum de nós tem coragem para começar o jogo, é o eterno jogo da caça. nenhum de nós quer ser a presa. dentro das minhas calças o sangue aflui ao som da música, enquanto ele se apercebe disso. perante os olhares distraídos a minha mão desce até ás cuecas e ai começa o ritual. sabemos como tudo acabará, pois o nosso destino está escrito; acabará de forma selvagem num beco perdido nesta cidade. um jogo de tesão e de espera, que ele sabe tão bem como jogar.
mais tarde, já noutra sala a música faz-se sentir no nosso corpo e vamos apanhando o ritmo ao som de tequilha.
esta noite de segunda não acabará numa casa de banho. não acabará! seguir-se-ão outras ainda com tesão dentro das calças; seguir-se-ão outras num jogo interminável.
ele sabe como acabará, eu também. mas vamos jogando, vamos testando os limites e a paciência.
o beco daquela cidade dirá onde chegármos!

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